São Boaventura
Depois, dirige o teu olhar sobre a lei de Deus que te manda oferecer ao Altíssimo um coração humilde, ao Piíssimo um coração devoto, ao Santíssimo um coração ilibado.
1. - Um coração humilde, digo, deves oferecer ao Altíssimo pela reverência no Espírito, pela obediência nas obras, pela honra nas palavras e nos atos, observando a apostólica regra e doutrina: "Faze tudo para a glória de Deus" (I Cor., 10, 31).
2. - Um coração devoto deves oferecer ao Piíssimo, invocando em orações fervorosas, saboreando doçuras espirituais, dando muitas graças para que tua alma sempre mais a Deus "ascenda pelo deserto como uma varinha de fumo composto de aromas de mirra e de incenso" (Cântico dos Cânticos, 3, 6).
3. - Um coração ilibado deves oferecer ao Esposo santíssimo de maneira que não reine em ti, - nem nos sentidos, nem na vontade, nem no afeto, - algum prazer em deleites desordenados, desejo de coisas terrenas, nenhum movimento de maldade interna, e assim, livre de toda a mácula de pecado, possas cantar com o salmista: "Seja imaculado o meu coração nas tuas justificações para que não seja confundido" (Ps. 118, 80).
Reflete, pois, diligentemente e vê se tudo isto observaste desde a juventude. Se a consciência t'o afirmar, não o atribuas a ti mesmo, mas à mercê de Deus e rende-lhe graças. Se, porém, achares que uma ou mais vezes, num ponto ou em alguns, ou talvez em todos eles, faltaste grave ou levemente, por fraqueza, por ignorância ou com pleno conhecimento, procura reconciliar-te com Deus com "gemidos inexplicáveis" (Rom. 8, 26) e, para Lhe mostrar a emenda, reveste-te do Espírito de penitência, para que possas cantar com o salmista penitente: "Porque preparado estou para os açoites, e a minha dor está sempre diante de mim" (Ps. 37, 18).
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Pax et bonum!
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