Apostolado Espírito Franciscano
Boletim Espiritual Franciscano nº 04, julho/agosto de 2018:
Destaque: A Salvação da Alma;
A salvação da alma é a maior preocupação com que um cristão deve ocupar-se em sua vida;
A importância de se buscar a salvação da alma, por Padre Stefano Maria Manelli;
O maior inimigo da nossa salvação: o demônio;
Quanto tempo eu tenho para me salvar?
Ave Maria puríssima – Sem pecado concebida.
Saudações a todos os leitores e seguidores do
Apostolado Espírito Franciscano nas redes sociais!
Em cada edição dos nossos boletins
espirituais nós trazemos alguns temas muito pertinentes para a vida e progresso
espiritual. Para esta edição não conseguimos imaginar outro tema de tão grande
importância quanto a salvação eterna. Compilamos alguns escritos do Padre
Stefano Maria Manelli, grande sacerdote diretor de almas e fundador da
comunidade dos Frades Franciscanos da Imaculada no início dos anos 70, contidos
em seu livro “Um mês com Maria”, onde três capítulos especiais foram trazidos
para este boletim, cuja temática é unicamente sobre a salvação da alma. São meditações
fortes, profundas, mas com linguagem simples. A importância do Santo Rosário, da
frequência dos sacramentos e da penitência é largamente apontada em seus
escritos como meios eficazes de santificação.
Também pedimos aos nossos leitores que rezem
pelo nosso Apostolado, principalmente pelo nosso primeiro encontro espiritual que
acontecerá no mês de outubro na cidade do Recife, Pernambuco, e que contará com
a presença de um Bispo da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos como principal
pregador!
Desejamos que estas páginas possam ser de
muita utilidade para todos e que, se apenas uma alma sentir a compulsão em
querer mudar de vida, a nossa missão já terá sido cumprida.
Pax et bonum! T
Rodrigo Gonzaga
Administrador do Apostolado Espírito Franciscano.
A salvação
da alma é a maior preocupação com que um cristão deve ocupar-se em sua vida
A salvação das nossas almas é o dever mais
grave que um cristão tem nesta vida, e de nada servirá ao homem se durante a sua
passagem na terra ele não tiver buscado a salvação eterna. Do mesmo jeito que
existe um Céu onde seremos felizes eternamente, também existe um inferno que a
destinado para aqueles que viverão infelizes eternamente. A partir do pecado
original, o gênero humano perdeu a amizade com Deus, e com isto, perdeu também o
Céu. Da mesma forma que este pecado foi de gravidade infinita, a reparação que
se devia por ele também deveria ser de uma gravidade igualmente infinita. Os
sacrifícios do Antigo Testamento não apagavam pecados, pois o sangue de animais
não possui valor diante da Divina Majestade para reparar as ofensas causadas
pelos homens. O Cordeiro Divino, o Verbo Encarnado, cujo lado foi aberto pela
lança, e de onde saiu o seu Preciosíssimo Sangue e a puríssima água, sinal do
Sacrifício e da subsequente purificação. Com o sacrifício na Cruz, Cristo abriu
o céu para os homens, abriu o canal de graças e do tesouro infinito de bênçãos
celestiais a todo gênero humano. Apesar de Cristo ter mostrado toda sua
santíssima bondade morrendo por nós, os homens fazem as vezes do Ladrão que estava
ao seu lado na Cruz: fazem escárnio, proferem injúrias e perpetram insultos e ofensas
contra Nosso Senhor.
Mas como podemos obter o perdão das nossas
inúmeras faltas e buscarmos os tesouros de graças para nos santificarmos? Por
meio da Santa Igreja que Cristo nos deixou, onde somente nela existem os Sacramentos
que mantém a vida e o estado de graça que recebemos por meio do Batismo. Com o
batismo deixamos de ser filhos do demônio e recebemos a filiação adotiva de
Deus. Com a Confissão obtemos o perdão dos nossos pecados mortais e a remissão
das faltas veniais, e ainda recebemos do Céu o reforço da graça para não mais
pecarmos, e recebemos inúmeras graças quando recebemos a Sagrada Eucaristia, o
próprio Jesus Cristo que se faz presente na Hóstia Consagrada do mesmo modo em
que Ele se encontra no Céu, com o seu Corpo, Sangue alma e Divindade, para ser
amado e adorado. Na Eucaristia, unimos a nossa carne maculada pelo pecado com a
carne puríssima de Cristo que foi gerada no ventre puríssimo da Virgem Maria,
unimos o nosso sangue de pecadores com o Preciosíssimo Sangue do Senhor, unimos
a nossa alma maculada de pecados com a Alma Santíssima de Jesus e toda a nossa
miséria com a Divindade do Verbo Encarnado. Quando frequentamos os sacramentos
e buscamos viver uma vida de constante oração e santidade, a nossa alma recebe
o poder sobrenatural que provém da fonte eucarística, sendo fortalecida nos
combates contra o demônio.
Quando a alma se encontra em estado de graça
e frequentemente comunga do Corpo do Senhor, mais facilmente poderá vencer as
tentações do demônio, da carne e do mundo. Quando a alma, humildemente se põe
aos pés do confessor, ela se coloca diante do tribunal de Deus, e acusando os
seus pecados de modo sincero e com verdadeiro desejo de reparação e firme
propósito de arrependimento, recebe-se pelas mãos do sacerdote que, in persona Christi, a absolvição
dos pecados.
Além de buscarmos o perdão dos nossos pecados na confissão e o
auxílio de Cristo na Eucaristia, devemos também buscar a reparação dos pecados
cometidos contra Deus, e de muitos modos distintos é possível fazê-lo: com
jejuns, abstinências, penitências corporais e privações voluntárias, com o
Rosário, cilício, mortificação dos sentidos etc, e mais perfeitamente podemos
fazê-lo com uma discreta, mas consistente direção espiritual com um santo
sacerdote. Tudo isto o que devemos fazer não se trata de escrúpulos ou de farisaísmo,
mas de um dever que temos como cristãos em buscarmos a santidade e de
repararmos os pecados cometidos por nós e pelo mundo inteiro da mesma forma que
os grandes santos assim o fizeram e desejamos também imitá-los para que, ao final
da nossa vida, possamos escutar de Nosso Senhor em nosso julgamento: "Muito
bem, servo bom e fiel; já que foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem
regozijar-te com teu senhor" (S. Mateus 25, 21)”.
Rodrigo Gonzaga
A
importância de se buscar a salvação da alma
Por
Padre Stefano Maria Manelli
Padre Stefano, filho espiritual de São Padre
Pio de Pietrelcina.
Maria apareceu em
Fátima para nos lembrar, sobretudo, da necessidade da salvação da alma. Por
isso ela recomendou com insistência aos 3 pastorinhos de rezar e fazer penitência
pela conversão dos pecadores: "Muitas
almas vão para o inferno porque não há quem reze e se sacrifique por
elas!". Antes de mais nada, Maria se preocupa em salvar as nossas
almas. Na verdade, Ela se preocupa também com nossas necessidades temporais;
mas a Graça que Ela quer nos conceder antes de todas as outras é certamente a
salvação da alma. Essa é certamente a Graça das Graças, a Graça que vale a
eternidade do Paraíso. O Apóstolo São Pedro escrevia aos cristãos: "Conseguindo a meta da Vossa Fé, isto é,
a salvação das vossas almas". (I Pd 1,9) Mas nós, que conta fazemos da
salvação da nossa alma? Nos preocupamos mesmo? Como é triste, infelizmente,
dever responder que muitas vezes fazemos como aqueles filhos doentes que, ao
invés de pensar em fazer a devida cura e recobrar a saúde, são indiferentes à
cura e só pensam em divertir-se!
É possível que não
entendamos como seja de primária importância trabalhar principalmente para a
salvação da alma? Lucro, estudo, trabalho, divertimento, comércio, família,
carreira são coisas secundárias com respeito à salvação da alma. "De que serve ao homem ganhar o mundo
inteiro se depois perde a sua alma?" (Mt 16, 16) E ainda em parábola: "As terras de um homem rico tinham tido
uma boa colheita. E ele, consigo mesmo, assim pensava: como farei se não tenho
mais lugar para guardar a minha colheita? Eis, disse, farei assim: demolirei os
meus celeiros, construirei outros maiores, onde guardarei toda a minha colheita
e os meus bens; depois direi à minha alma: ó Alma, tens uma grande reserva de
bens por muitos anos; descansa, come, bebe e diverte-te! Mas Deus lhe disse:
Louco! Esta mesma noite te será tirada a vida; e aquilo que preparaste pra quem
será? Assim será também para quem acumula tesouros para si, mas não cuida de
ter o que para Deus." (cf. Lc 12, 16-21) Poderia falar Jesus mais
claro no Seu Evangelho? Por que esquecemos disso ou não lembramos como
deveríamos? Bom para nós que Nossa Senhora nos vem lembrar disso com amor
materno e nô-lo recorda também neste lindo mês.
Uma devoção especial que salvou uma alma:
Eis um exemplo
muito instrutivo: Em Ars, um dia, chegou uma senhora abatida pela dor que a
levava ao desespero. Poucos dias antes tinha perdido o marido tragicamente.
Suicidara-se, jogando-se de cima de uma ponte, num rio. A mulher era
atormentada pelo pensamento da danação do marido. Entretanto, na igreja de Ars,
a pobre mulher logo se ajoelhou para rezar e chorar. Era a 1ª vez que ia a Ars.
O santo Cura d'Ars, passando-lhe ao lado, sussurrou-lhe aos ouvidos: "Ele está salvo!". "O que?" - exclamou a mulher. "Ele está salvo!" - repetiu o
santo - "Está no purgatório e
precisa rezar muito por ele. Entre o parapeito da ponte e o rio teve tempo de
se arrepender. Foi Nossa Senhora quem lhe obteve a graça. Lembre-se do mês de
maio que fazia no quarto. Às vezes seu marido, embora não religioso, se unia à
sua oração e às vezes até punha uma flor junto à imagem de Maria. Isto lhe
obteve o arrependimento e o extremo perdão!".
Quem toma conta da salvação da alma se assemelha a Maria de Betânia que está aos pés de Jesus, atenta às Suas palavras de vida eterna. Marta, ao invés, se perde atrás de muitas coisas. É a imagem daqueles que se preocupam com as coisas terrenas e secundárias e não tem tempo para cuidar da alma. Mas a salvação da alma é sempre "a única coisa necessária!" (Lc 10, 42). Quanta bobagem em nossa vida se entre os perigos do mundo, não ligamos para esta única coisa necessária. Em uma carta escrita por São Gabriel de Nossa Senhora das Dores a um seu companheiro de Liceu está escrito: "Tens razão de dizer que o mundo é cheio de perigos e tropeços, e que é muito dificil salvar-se a nossa única alma; nem por isso deves perder a coragem. Amas a salvação? Foge aos maus companheiros; o teatro onde muito amiúde se entra em Graça de Deus e se sai depois de tê-la perdido ou posta em grande perigo. Amas a salvação? Foge às conversações muito livres, aos livros maus que podem fazer a todos um mal sem fim. Demos ouvidos aos Santos! Usemos os meios de guarda para salvar a nossa alma. "O que poderá dar o homem em troca de sua alma?" (Mt 16, 26)
Um dia padre Pio
passava lentamente entre uma multidão de homens. Um jovem lhe gritou de longe: "Padre, me diga uma palavra decisiva. O
que devo fazer?" Padre Pio olhou-o com profundidade e disse-lhe: "Salve a tua alma!" Eis o
essencial, todo o resto passa! A salvação da alma dura eternamente. E Nossa
Senhora quis nos assegurar a salvação com a nossa colaboração do uso dos meios
da salvação: a oração, os sacramentos, a penitência, as boas obras e em
especial, a devoção mariana. Também São Francisco de Assis na famosa visão de
Frei Leão, em cima da escada branca e da escada vermelha, assegura-nos que a
devoção a Nossa Senhora é garantia de salvação. De fato, todos os que subiam pela
escada em cima da qual estava a Bem-Aventurada Virgem chegavam ao Paraíso;
aqueles da escada vermelha, quanto esforço em vão!
...e o maior inimigo da nossa salvação: o demônio
Satanás aparece nos inícios
do gênero humano, apresenta-se desde o início um homicida, mentiroso e pai da
mentira "Consegue fazer cair os
nossos antepassados Adão e Eva e se torna o príncipe deste mundo” (2 Cor
4,4) e acusador dos nossos irmãos (Ap
12,10). Com o pecado original, todo o mundo jaz sob o maligno (I Jo 5,19) e os
demônios são dominadores deste mundo tenebroso (Ef 6,12). Como aparecem
tenebrosos os primeiros acontecimentos à Humanidade Nova por causa deste
infernal assassino que possui o império das trevas (Lc 22,53). Pe. Pio escreveu
em uma carta ao seu Diretor espiritual contando que ele viu a figura monstruosa
de Satanás em seus sonhos. Era um ser horrível e gigante, alto como uma negra
montanha. São Pedro, o primeiro Papa, o apresenta como a imagem de um leão que
ruge sempre pronto a devorar-nos (I Pd 5, 8-9). Como o tortura a inveja porque
nós podemos nos salvar! Ele nos quer todos no Inferno.
Uma cena estupenda nos
aparece no início da humanidade dominada por Satanás e oprimida pelo pecado.
Uma mulher sublime, com o seu Filho, “amassa
a cabeça da serpente” (Gn 3,15). A Imaculada, vencedora de Satanás,
brilhante nas trevas do pecado, com o seu Divino Filho, é a desafeta de Satanás.
No Gênesis, Deus apresenta a Imaculada semelhante a aurora que se eleva
maravilhosa sobre a noite da humanidade pecadora. Em Cântico dos cânticos, o
autor inspirado exclama: "Quem é
aquela que avança como aurora, bela como a lua, eleita como o sol, tremenda
como exército formado?" (6,9). É a Imaculada, Guerreira invencível,
Senhora das vitórias, Terror dos demônios. Santa Bernadete nos narra em Lourdes
que viu ao lado da gruta uma turma de demônios que berravam gritos infernais.
Assustada, a santa olhou a Imaculada; bastou um olhar severo de Maria para eles
e fugiram. Assim o demônio, em frente à Imaculada, demonstra o que significa
seu nome (Belzebu): deus das moscas.
A tática do diabo é alegrar
os sentidos e a imaginação do homem para perder o seu espírito. Se apresenta
como um conselheiro e um servidor em luvas amarelas, com ofertas de bens e
prazeres sedutores a ganhar. Fez isso com Eva (Gn 3, 1-7) com Jesus (Mt 4,
1-11) e com os santos de todos os tempos: São Bento, São Francisco de Assis, Santa
Teresa D'Ávila, Santo Cura d'Ars, São João Bosco, São Pe Pio... Hábil e na
defensiva, o demônio sabe servir-se de tudo para nos arruinar: a imodéstia de
Davi (2 Sm 11, 2-26), a gula de Esaú ( Gn 25, 29-34) o apego às riquezas de
Ananias e Safira (At 5, 1-10). Ele tenta até propor coisas aparentemente úteis
para as almas. Sabe-se que Cura d'Ars pregava de maneira simples, fecunda de
graças para as almas. Cheio de ódio, o diabo foi a ele exortando-o a pregar de
modo difícil, assegurando-lhe a fama de grande pregador. O santo percebeu o
engano, recusou-se e continuou com seus sermões simples e eficazes. Pagou com
muitos despeitos furiosos que o demônio lhe fez dia e noite.
Satanás tem uma obra-prima:
convencer os homens que ele não existe. Conquistando isso, trata os homens como
bonecos. Pe. Pio escutou um sermão onde o orador nada fazia mais que
perguntar-se sobre a existência do diabo. No final o orador concluiu que ele
existe. Passado o sermão, Pe. Pio advertiu-o dizendo-lhe que ao se falar do
demônio, deve ser preciso em afirmar sua existência e sua ação nefasta no
mundo. Ao final, acrescenta-se a existência dos "Quatro estúpidos"
que ousam negar a existência do diabo. Hoje são mais que quatro, e há até na
Igreja, infelizmente. Tanto é verdade que Paulo VI teve que intervir
expressamente em um discurso (15/11/1972) para confirmar a verdade da fé sobre
a existência de Satanás como pessoa e constatou amargamente como a "fumaça
do diabo" está fumegando na Igreja. A uma de suas filhas espirituais, Pe
Pio disse: "Se se pudesse ver a
olhos nus quantos demônios invadiram a Terra, não mais veríamos o Sol".
Contra estes apóstatas, qual não deve ser nossa defesa?
Jesus nos preveniu contra as insídias do diabo. Ele nos ensinou no Pai-Nosso: "Não nos deixeis cair em tentação" (Mc 14,38). A guarda e a oração são as duas maiores forças do homem contra o demônio. Façamos nossa a recomendação de Pe. Pio: "Filho, o inimigo não dorme! Esteja alerta com a guarda e a oração. Com a 1ª avistaremos; com a 2ª teremos arma para nos defender". A guarda nos faz avistar as ocasiões perigosas (uma leitura, um espetáculo, uma pessoa, um lugar, uma vontade...). A oração nos dá força de evitar os perigos, de fugir às ocasiões como recomendava São Felipe Néri. Santo Agostinho ensina que o demônio é só um cão amarrado, e só pode morder quem dele se aproxima. Ao largo, então! Se o demônio se faz insolente, escutemos a palavra de S. João Bosco que dizia aos seus jovens: "Quebrai os cornos do demônio com a Confissão e a Comunhão".
Jesus nos preveniu contra as insídias do diabo. Ele nos ensinou no Pai-Nosso: "Não nos deixeis cair em tentação" (Mc 14,38). A guarda e a oração são as duas maiores forças do homem contra o demônio. Façamos nossa a recomendação de Pe. Pio: "Filho, o inimigo não dorme! Esteja alerta com a guarda e a oração. Com a 1ª avistaremos; com a 2ª teremos arma para nos defender". A guarda nos faz avistar as ocasiões perigosas (uma leitura, um espetáculo, uma pessoa, um lugar, uma vontade...). A oração nos dá força de evitar os perigos, de fugir às ocasiões como recomendava São Felipe Néri. Santo Agostinho ensina que o demônio é só um cão amarrado, e só pode morder quem dele se aproxima. Ao largo, então! Se o demônio se faz insolente, escutemos a palavra de S. João Bosco que dizia aos seus jovens: "Quebrai os cornos do demônio com a Confissão e a Comunhão".
São Maximiliano Maria Kolbe,
Franciscano Conventual, escreveu que "a
serpente levanta a cabeça em todo o mundo, mas a Imaculada lhe pisa em vitórias
grandiosas". Para abater o demônio de modo mais humilhante, precisamos
recorrer à Imaculada. O demônio tem pavor d'Ela que sozinha é terrível como um
exército formado (Ct 6,9). Quando Santa Verônica Giuliani era atacada
fisicamente pelo demônio, ao conseguir invocar Nossa Senhora, o demônio fugia
precipitadamente, gritando: "Não
invoque minha inimiga!". A oração Mariana mais forte contra o demônio
é o Rosário. Uma vez lhe perguntaram durante um exorcismo, qual oração ele mais
temia. Respondeu: "O Rosário é o
meu flagelo". Se os cristãos levassem consigo e usassem amiúde
este flagelo dos demônios, quantas ruínas, desventuras e pecados a menos sobre
a Terra.
Quanto tempo eu tenho para me salvar?
Na Terra Deus me
dá o tempo para me salvar e me santificar.
"Ele nos quer todos salvos". (I Tim 2,4), quer a nossa "Santificação" (I Ts 4,3) e nos dá a
possibilidade através do arco de tempo estabelecido para a nossa vida terrena.
O arco do tempo pode ser mais ou menos longo. São Domingos Sávio se santificou
vivendo somente 15 anos. Santo Afonso Maria de Ligório, vivendo 91 anos. A
medida do tempo está nas mãos de Deus, "patrão
da vida e da morte" (Sb 16,13). Nós devemos só utilizar o nosso tempo
segundo a finalidade para a qual Deus nos criou, ou seja: "para conhecê-Lo, amá-Lo e servi-Lo nesta vida e depois adorá-Lo
no Paraíso", segundo o catecismo de São Pio X. Isto significa: "Operar o bem enquanto tivermos
tempo". Como recomendava S. Paulo (Gl 6,10). Tudo me deve servir para
conseguir o gozo eterno do Paraíso que consiste na visão beatífica de Deus. Se
assim não for, se trabalha inutilmente, perdendo incalculáveis méritos e
energias. A um velho eremita, um dia, perguntaram a idade. "Tenho 50 anos", respondeu. "Não é possível! - respondeu o visitante - Tens, certamente, mais
de 70.". "É verdade -
respondeu - A minha idade seria 75, mas os primeiros 25 eu não conto, pois
passei longe de Deus".
São Bernardo
dizia: "Todo o tempo que não usamos
para Deus é perdido". Por isso, São Luiz Gonzaga, como tantos outros
santos, se propôs de perguntar-se antes de cada ação: "A que me serve para a eternidade?" E refletindo
profundamente, compreendeu bem como valesse a pena renunciar a posse de um
principado e a um futuro de glórias terrenas para se consagrar inteiramente a
Jesus e a aquisição da Glória Eterna, consumindo-se de amor por Deus e pelo
próximo. Santo Afonso Maria de Ligório obrigou-se com um voto especial: o de
não perder um átimo de tempo! E o observava com um heroísmo que comovia. Quando
escrevia por horas e horas aquelas páginas de doutrina e de piedade que
iluminavam tantas almas, se às vezes lhe doía a cabeça, apertava com uma mão
uma pedra sobre a testa e com a outra continuava a escrever. Se quiséssemos
examinar o uso do nosso tempo e a finalidade das nossas ações, não é verdade
que deveríamos pôr as mãos na cabeça? Quanto tempo perdido! Talvez estejamos
prontos para dizer de não ter tempo nem para qualquer minuto de manhã e à
noite, ou para dizer um Terço (15 minutos), ou para fazer uma boa obra... E
depois não nos damos conta de perder a cada dia horas de tempo livre vendo
televisão ou indo ao cinema, aos bares ou à rua, ou indo ao campo de futebol
entre cigarros, canções e conversas fiadas. Este é o uso do tempo livre de
muitos cristãos!
O que dizer da
finalidade sobrenatural que deveriam ter as nossas ações? Agimos somente com
finalidade de lucro. Se faz tudo por interesse. Se trabalha só pelo dinheiro. E
que prontidão súbita quando devemos nos queixar por inconvenientes incômodos ou
perdas! É tudo calculado. Tudo me deve dar o máximo de rendimento e gozo com o mínimo
esforço. Talvez no nosso comportamento não exista nem um sopro de Amor a Deus,
um aceno de intenção sobrenatural, um odor de elevação à finalidade mais alta
pela qual um cristão deveria agir. "Quer
comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo pela Glória de
Deus". (I Cor 10,31). Como faremos juntos de Deus? Se é verdade que um
dia prestaremos conta até de cada palavra ociosa (Mt 12,36) tanto mais
prestaremos conta de cada minuto perdido.
Em um minuto de tempo se podem fazer diversos atos de Amor a Deus. Assim faziam Santa Bertila Boscardin que passava pelos quartos do Hospital recitando amorosamente o Rosário. Nós, ao invés, passamos de ação em ação, de lugar em lugar só atentos ao nosso interesse. Mas não nos iludamos: "aquilo que o homem semear, aquilo colherá!" (Gl 6,8). Se enchermos o nosso tempo de ações feitas para Deus, colheremos um dia a visão serena de Deus. Se ao contrário, colheremos os sofrimentos do Purgatório, ou, não queira Deus, do Inferno Eterno!
Olhemos um modelo de Santo nosso contemporâneo: São José Moscatti, grande médico napolitano. Não viveu muito, mas encheu seu tempo de coisas nobres e santas. Todos os dias ele começava sua jornada às 5 horas da manhã, com duas horas de oração recolhida e intensa. Fazia sua meditação, participava da Santa Missa, recebia a Santa Comunhão e fazia um longo agradecimento. Sem estas 2 horas e sobretudo sem a Santa Comunhão, ele dizia não ter coragem de entrar na sala médica para visitar os doentes. Logo depois das 2 horas de oração, entrava nos becos de qualquer bairro da velha Nápolis, descia a qualquer gueto ou subia em qualquer porão a visitar gratuitamente doentes em condições penosas e miseráveis. Continuava a sua manhã com a escolha e com as visitas médicas no Hospital. Antes de uma diagnose, nos momentos de dificuldade, punha a mão no bolso, apertava o Rosário por um momento, rezava a Nossa Senhora. Durante as visitas não era menos preocupado de recomendar aos enfermos a cura da alma, dando conselhos e avisos concretos, como aqueles de confessar-se e comungar. Ao meio dia, ao soar o sino do Ângelus, embora estando em sala médica, recitava sem falta a Oração, convidando os presentes a rezarem com ele. De tarde continuava as visitas médicas em casa até o pôr-do-sol. Fechava seu dia com a visita ao Santíssimo Sacramento, com a recitação do Santo Rosário e as orações noturnas. Morreu durante as suas visitas médicas, amando os corpos e as almas dos enfermos. Eis um verdadeiro cristão que "operava o bem enquanto tinha tempo". (Gl ,10).
Padre Sfetano Maria Pio Manelli,
Fundador dos Frades Franciscanos da Imaculada
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Autor: Rodrigo Gonzaga
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