Siga o nosso Apostolado pelo Blogspot e fique por dentro das nossas novidades!


Entrevista com Frei Carmelo, Eremita de Niquelândia - GO

Hoje o Apostolado Espírito Franciscano traz uma entrevista especial com Frei Carmelo de Jesus e de Maria, eremita italiano que vive a regra do Seráfico Patriarca São Francisco no interior de Goiás, mais especificamente na cidade de Niquelândia, diocese de Uruaçu. Esta entrevista terá uma estrutura especial, visto que o nosso formato tradicional de perguntas X respostas não foi aprovada pelo eremita entrevistado, o que é perfeitamente entendível, dado que sua espiritualidade é de total autonomia, solidão e naturalidade. Frei Carmelo nos fez uma grande caridade em dedicar um pouco do seu precioso tempo para gravar para nós do Apostolado cinco vídeos falando um pouco da sua vida, da sua espiritualidade e mostrando um pouco de onde ele mora: o eremitério que ele construiu com as suas próprias mãos! Futuramente iremos disponibilizar os vídeos já editados e com legendas (por ser italiano, o seu português por algumas vezes é um pouco difícil de se compreender). Os leitores notarão que Frei Carmelo possui um modo muito particular de se expressar, o que exprime a sua profundidade espiritual. Com um rico acervo pessoal de fotos cedidas pelo próprio Frei Carmelo, esperamos que os leitores do Apostolado Espírito Franciscano apreciem esta entrevista e conheçam como vive (e como é) a vida de quem se faz solitário em um eremitério para falar apenas com Jesus.


Frei Carmelo de Jesus e de Maria

Frei Carmelo, nós do Apostolado Espírito Franciscano agradecemos imensamente pelo senhor sair de sua habitual reclusão para falar ao nosso Blog sobre a sua história e sobre a sua espiritualidade. Certamente, a vida eremítica não é tão falada nos dias de hoje, mas, é inegável que muitos santos se santificaram nos lugares desertos, afastados de tudo e de todos, vivendo na mais completa solidão apenas por amor a Jesus Cristo. O senhor poderia nos falar um pouco sobre quem é Frei Carmelo?

Eu, irmão Carmelo de Jesus e de Maria, sou italiano, tenho 63 anos, nasci em uma cidade que se chama Augusta, na ilha da Sicília, sul da Itália. Desde jovem fiquei andando por aqui e ali, andei por muitos lugares. Trabalhei em barco mercantil, carregando petróleo, gás, carvão e todas estas coisas. Aos 20 anos, mais ou menos, eu não acreditava em Deus e eu não queria saber nada de Deus, não era meu problema. A minha vida era de jovem sem Deus, e assim fiquei um tempo vivendo sem Deus. Andei pela Itália, em Roma, e nesse tempo que fiquei por Roma nesta situação, a minha vida começou a mudar. Deus se manifestou em mim e entrou nos meus pensamentos e começou a falar comigo, fazendo-me notar que Ele quem fez o mundo, o sol, as flores, os pássaros, todas estas coisas bonitas, fazendo-me, como se diz, pensar sobre o bem, o mal, a verdade, a mentira sempre causava o mal. E todo este pensamento entrou em mim e comecei a pensar em todas estas coisas, e vi que eu teria que ser um... alguém fez este mundo. Esta construção que vemos diariamente com nossos olhos, porque a minha razão, a minha inteligencia me falava dizendo que tudo isto que eu vejo não é mal dos homens, o homem faz construções de casas, carros, barcos e muitas outras coisas, mas a Terra o homem não fez. O Céu, o mar, e todas as outras coisas que vemos diariamente, o homem não fez. Tudo isto a minha inteligencia me relatava que isto não era obra do homem. Mas, se não era obra do homem, de quem é estas obras que vemos? Todas as coisas desta terra, eu fiz (n.t, aqui, Frei Carmelo cita as construções materiais dos homens); esta igreja que fica aqui, não está aqui por acaso, eu fiz. Quando eu cheguei aqui no ano de dois mil e quatro ou dois mil e cinco, aqui estava só o mato, depois mostro as fotos e você poderá ver a situação de como era aqui. 


Frei Carmelo (à esquerda) ainda quando jovem eremita. Foto cedida do acervo pessoal do Frei Carmelo.

Eu não queria fazer esta obra grande. Eu queria fazer um lugar mais pequeno, mais não sei porque, eu fiz este trabalho. Eu queria fazer uma igreja mais pequena, uma construção para eu morar, mas não deu, fiz uma construção maior. Aqui eu fiz tudo isto, tudo o que você ver neste lugar, eu fiz trabalhando com minha força, trabalhando duro. Mas, a estrada, a rua, alguém fez as construções, alguém fez outras coisas... mas o Céu... quem é que fez? Existe, é uma realidade. A Terra, as plantas, é uma realidade. Tudo o que fica aqui na terra, alguém fez. Mas quem é o artífice de todas estas coisas que vemos diariamente... quem é que fez? Este pensamento sempre ficou na minha cabeça. Tantas coisas boas, tantas maravilhas da criação. O mar, os rios, os peixes, as belezas da criação... Eu trabalho aqui com plantas, mexendo hortaliças, feijões, tomates etc., etc., cada dia fico ali olhando estas coisas, olhando como crescem, fico maravilhado com estas coisas. No passado eu não tinha tempo, estava fazendo outras coisas, queria ganhar dinheiro, e não tinha todas estas coisas que agora tenho. Diariamente observo, sou curioso de saber sobre todas estas coisas que me encantam e eu gosto. Assim começou a entrar na minha cabeça. 

Eu era um grande blasfemador, grande homem de pecado. Assim, a primeira vez, eu fiz os exercícios espirituais, um grande livro de Santo Inácio de Loyola, que também começou a ver a diferença entre servir o mundo e servir a Deus, que servir ao mundo é passageiro, e servir a Deus é um gozo, uma alegria eterna. E assim decidi servir a Deus. Bom, neste dia aprendi que a verdade era melhor que a mentira, que a mentira faz mal. A pessoa que engana e mente para mim, sinto aquele sentimento de dor. A pessoa que me ama e me dá carinho, sinto amor. Se uma pessoa me diz a verdade é uma coisa boa, a inteligência me diz isto, não são os pés que me relatam isto, mas é a inteligência que me diz, a oração me diz o que é a verdade e o que é a mentira, isto é falso, isto é verdade, isto é mal, isto é bom.


À esquerda, a área vazia onde posteriormente foi levantado o Eremitério Cristo Rei (à direita). Foto cedida do acervo pessoal do Frei Carmelo.

Eis uma declaração do fundador da Comunidade Eremítica Frades Menores de Maria, Frei Carmelo, para um blog sobre eremitas, em setembro de 2017 (o texto passou por pequenas correções ortográficas e adaptações para este artigo):


 À esquerda, Frei Carmelo construindo a Capela do Eremitério Cristo Rei. À direita, a capela do eremitério ainda em construção vista de longe. Foto cedida do acervo pessoal do Frei Carmelo.
"Deus mandou que eu viesse para o Brasil, no Estado de Goiás. Ali, naquele interior goiano, consegui ganhar um terreno e comecei a construir um eremitério do nada, perto de uma cidade que se chama Niquelândia, mais ou menos a 50 km, fica um povoado que se chama Faz Tudo ou Vila Taveira; a uns 3,5 km desse povoado no mato fica onde moro, o Eremitério Cristo Rei, onde estou trabalhando a mais ou menos a 4 anos. Ali existe um refeitório, cozinha, 6 sanitários, 7 celas (quartos), uma biblioteca e uma pequena oficina para trabalhos manuais. A 50m desta estrutura estou construindo uma igrejinha toda em pedra, em estilo medieval, porque gosto muito deste estilo. É árdua a missão, mas cheia de gozo e glória. Coragem! Pequeno é o sofrimento, mais infinita é a glória. O eremitério é um lugar de oração, uma casa de oração, porque o eremita escutou a palavra de Jesus que diz ”a minha casa é casa de oração”. Bem-aventurados os convidados para o banquete do reino. O que mais? Temos a escravidão, uma corrente de ferro em uma das pernas sinal visível que somos escravos de Jesus e Maria. E nesta forma de viver nos fala o Santo Luiz Grignon de Montfort, com sua obra “O Tratado da Verdadeira Devoção a Nossa Senhora" e "O Segredo do Santo Rosário”. Deus, que ama a santidade, e Nossa Senhora, aquela que fez tudo aquilo que Deus lhe pediu sem lhe desobedecer em nada acompanha-nos, defende-nos e ajuda-nos até chegarmos ao final, a Jerusalém Celeste". 
Uma vez que eu entendi que há Deus, que existia uma verdade e que existia uma mentira, que existia Alguém que fez este mundo, esta criação, eu decidi que, se Deus existe, eu quero conhecê-Lo, se há uma verdade neste mundo, eu quero entendê-la, conhecê-la, obedecer e entender a verdade, porque uma vez que alguém a conhece, tem que defender e viver nesta verdade. E assim comecei a minha caminhada. Eu fui batizado quando jovem, pequeno, depois fiz a Primeira Comunhão, e depois não ia para a igreja. Depois, na idade de 22 anos mais ou menos, o Senhor me mostrou que a Igreja verdadeira era a Católica Apostólica, e decidi voltar para a Igreja Católica. Este foi o início de minha caminhada. A vocação eremítica... eu não queria ser eremita. Eu comecei a voltar para a Igreja, comecei a rezar todos os dias, rezava em meu quarto, deixei de fazer as coisas do mundo. Deixei os bailes, deixei os amigos, fiquei em uma vida de oração, casa e igreja, e depois busquei no Senhor e eu deveria fazer algo mais por Ele, fazer uma história muito boa, e rezava a Deus para que me iluminasse: "Senhor, o que tenho que fazer?". 

A capela do eremitério em construção. Foto cedida do acervo pessoal do Frei Carmelo.

Eu queria uma vida de santidade, viver o Evangelho, eu gostava muito da vida dos Apóstolos etc., e um dia chegaram, enquanto eu estava em um grupo juvenil de uma paróquia, chegou um homem, um padre eremita que vivia em uma toca, e ali estavam mais ou menos 30 jovens, e o único que havia se interessado pela notícia fui eu, os outros não fizeram caso. Eu perguntei onde este padre eremita morava, o caminho certo, e um dia depois decidi encontrá-lo. Assim, eu tinha uma moto pequena, e fui visitar este eremita. Gostei do lugar, da pessoa, de como ele vivia, um lugar muito solitário, eremítico, austero, pobre, me parecia o eremita São Francisco de Assis, gostei muito de toda esta situação. Perguntei ao padre chorando: "Padre, eu posso viver tua vida?", ele disse: "Sim pode fazê-lo". "Há algum problema em viver aqui?" Ele disse: "Não, pode vir". E então eu disse: "Vou ali em na casa dos meu pai e de minha mãe, vou dar um abraço a eles, e amanhã eu volto por aqui", decidindo viver esta vida. Fui embora, me despedi dos meus pais, peguei uma pequena bolsa, algumas roupas e alguns livros que eu tinha e voltei para o eremitério, onde Nosso Senhor ressuscitou o jovem que estava morto. Este eremitério se chamava "Eremo de Naim", lembrando o lugar evangélico. Fiquei ali mais ou menos dois anos com este padre vivendo em uma toca, e vivendo nesta forma eu nunca pensei de minha vida como um eremita, mas busquei em Deus uma vida de seguir a Cristo, uma vida segura e não mole, e Nossa Senhora me deu a graça e me convidou a esta forma de vida, que não é pouca coisa, mas é uma graça imensa.

Capela do Eremitério Cristo Rei quase finalizada. Foto cedida do acervo pessoal do Frei Carmelo.

Da paróquia segui a minha caminhada eremítica. Depois passei por vários eremitérios, passei por várias comunidades, fiquei quase seis anos com os Frades Franciscanos Renovados na Sicília (uma reforma franciscana), e depois com meu padre espiritual decidimos eu sozinho começar esta vida, me mandei embora do convento e comecei a viver sozinho em um eremitério, e assim começou a minha vida no eremitério. Depois que cheguei aqui no Brasil, no povoado de Faz-Tudo no Goiás, foi bom. Na Itália passei por vários eremitérios. Passei pelo eremitério Nossa Senhora das Graças no norte da Itália, fiquei quase 9 meses por ali. Passei 7 anos no eremitério São Miguel Arcanjo, depois 3 anos em um monte no centro, próximo a 30km de Monte Cassino, e depois buscando um bispo que me desse um documento onde reconhecia a minha forma de vida, que eu era cristão, que fazia a vida eremítica, que observava a regra de São Francisco de Assis, a regra bulada, sem glossa, sem mitigação, e tudo isso também que é que eu queria esta vida no eremitério, se chegasse algum irmão para viver junto, assim poderia. Busquei um bispo pela Itália, mas não encontrando, encontrei um bispo no Brasil que me daria todas estas coisas que estava buscando, viver no eremitério, a regra de 1223 aprovada pelo Papa Honório III, na pobreza, sem dinheiro etc., um documento que me reconhecia como um frade menor. Assim, falei com meu padre espiritual que me deu permissão de viajar pelo Brasil. 

Assim cheguei em Salvador, na Bahia, onde vivei por cerca de 6 meses, depois desta experiência e voltei à Itália. Depois de 6 meses voltei para o Brasil, mas desta vez para Goiás. Eu voltei para a Itália porque eu não tinha visto permanente, agora tenho o visto permanente. Um europeu italiano apenas pode ficar por 6 meses com visto de turista, depois regressar à Itália. Depois voltei ao Goiás por meio de um amigo bispo que me conhecia me deu carta para apresentar a um bispo aqui na região do Goiás na região do Uruaçu, Dom José Chaves. Eu apresentei a carta deste bispo, nosso amigo, ele me aceitou, me falou: "Você quer rezar? Se quer rezar eu vou aceitá-lo em minha diocese". Depois de um tempo ele me pediu para chegar nesta região, neste povoado de Faz-Tudo que fica há 50km perto da cidade de Niquelândia, Goiás. Este povoado de Faz-tudo também se chama Vila Taveira e o eremitério fica há 4km no interior, aqui no mato, no campo. Assim ele me pediu de viver aqui, e eu aqui comecei a viver segundo aquilo que já fazia na Itália. Aqui fiz a construção do Eremitério Cristo Rei que você poderá ver nas fotos. E por isso cheguei no Brasil, porque um bispo me deu o documento e me reconheceu como eremita franciscano e me deu permissão para observar a Santa Regra do nosso Pai São Francisco, a regra bulada sem mitigação, na forma de uma pessoa pode viver. Aqui não temos carro, vivemos sempre sem carregar, tocar ou ter dinheiro no bolso, vivemos de caridade etc.


Cheguei no eremitério em 2004, quinze anos atrás, e fiquei. Aqui só havia puro mato, não havia nada. Era só mato. Depois comecei a trabalhar e você poderá ver tudo o que eu fiz, a construção que realizei por aqui. Quando comecei a fazer esta construção, não acreditava que poderia ter terminado desta forma, pensei em fazer uma coisa menor, mas as coisas andaram assim. Aqui neste lugar tem seis celas para seis eremitas. Tem refeitório, cozinha, vários sanitários e tem um lugar onde se guardam as ferramentas de trabalho para se trabalhar em todo este lugar. Há um pequeno claustro no meio, e há uma igreja que fica logo abaixo, onde podem entrar as pessoas para a rezar, para a Missa, há o coro onde ficam os irmãos apenas rezando, passando a maioria do dia, há um lugar dos quartos com sanitários, se alguém desejar fazer algum dia de retiro pode ficar por ali abaixo, e aqui em torno de toda esta construção que falei, há três celas mais afastadas neste quintal, é onde o irmão fica aqui vivendo e aprendendo, os noviços, onde podem fazer uma vida mais restrita, de silêncio e oração, mais solitária. Temos água, luz, mas no início quando cheguei não tínhamos, mas agora graças a Deus temos água e luz. Aqui, graças a Deus, temos uma biblioteca muito boa de livros santos, dos Padres da Igreja, de vida monástica, de santos e santas, muitas formas de vida, muitas obras dos santos, cada um pode ver aquilo que interessa no momento à sua pessoa, à sua vida espiritual e à sua formação.

(Perguntamos ao Frei Carmelo se ele possuía alguma anédota para nós contar e ele sorrindo relembrou o seguinte ocorrido)

Um pequeno fato que me aconteceu. Quando eu era jovem e andava pela Itália, eu me propus dizer o breviário todos os dias, e assim andando como peregrino pelas estradas da Itália visitando santuários, mosteiros, lugares onde passaram os santos, lugares da vida de São Francisco e por onde ele andou, uma noite, uma madrugada, meia noite mais ou menos, estava em um lugar afastado em uma estrada escura, sem luz, e não sabia o que teria que fazer como rezar o breviário, e decidi abrir o livro e ler. Estava a lua no céu, e estava a sua luz -você não pode acreditar, mas é verdade-, eu consegui rezar terminando o dia com as completas com a luz da lua, que me possibilitou terminar a minha oração diária. Isso foi por graça de Deus, não por meu mérito, mas pela graça do Imaculado Coração de Maria que sempre me acompanhou em minha caminhada para Jesus, seguindo a Cristo. Obrigado Senhor por todas as maravilhas que o fez em minha. Obrigado Senhor por tudo o que fez em meu caminho, por todas as coisas boas, por ter ficando Contigo, e outras coisas que por causa de minha incapacidade, doença de coração etc., por minha culpa, eu não fiz. Obrigado Senhor.  

Vídeo cortesia de Frei Carmelo mostrando a Capela Cristo Rei, construída com suas próprias mãos.

O senhor recebe religiosos, padres ou leigos para visitas ou retiros, para ficarem algum tempo em seu eremitério?

Sim, alguns entram em contato comigo e me visitam por um dia, dois. E quem quiser, pode entrar em contato como para fazer uma experiência e marcar uma visita. Eu fiz todo este trabalho aqui no Brasil com esta intenção, não só para pegar a aprovação da minha forma de vida e a aprovação de observar a Regra de São Francisco, mas também para viver junto de vários irmãos que querem viver esta vida, que gostam da vida de São Francisco e que querem viver como os antigos frades franciscanos, como os frades reformadores. A Ordem Franciscana passou por várias reformas. No início, Francisco fundou a Ordem dos Franciscanos, a ordem no início se chamava "Ordem dos Penitentes de Assis" e depois de sua morte, ficou uma ruptura na Ordem, os conventuais que ficaram vivendo nos conventos grandes, e outros que quiseram viver nos eremitérios e voltar à vida dos primeiros frades, segundo o ensinamento de São Francisco, depois ficou a reforma dos Observantes, com São Bernardino de Sena, São João de Capistrano, São Tiago das Marcas, o Bem Aventurado Alberto da Salteano, os quatro da reforma da observância. Depois do 1400, houve a reforma dos Observantes com o Beato Paulo Trinti, de Foligno, perto de Assis. 


Depois, em 1500, começou a reforma dos Capuchinhos, com Beato Matteo da Bascio, ali na região das Marcas, centro da Itália mais ou menos. Depois começou também a reforma dos Alcantarinos, de São Pedro de Alcântara e muitas outras reformas dentro da Ordem Franciscana. Também começaram os conventos de retiro e todas estas coisas que até hoje a Ordem precisa de uma reforma, retornar às origens e voltar à observância da Regra Bulada. Hoje necessitamos de uma reforma franciscana, necessitamos de irmãos que queiram viver esta vida. E assim Deus põe uma semente pequena no coração dos irmãos que querem viver a Regra de São Francisco e nesta forma dos primeiros frades. E assim, os que desejam viver esta vida podem entrar em contato para vir até aqui.

A nossa Fraternidade Eremítica dos Franciscanos de Nossa Senhora Mãe de Deus, não pertence a nenhuma outra família franciscana, Ordem ou Congregação. Estou só, aqui tenho a permissão de aceitarem irmãos que querem viver esta vida segundo a regra de São Francisco. Há os estatutos que eu fiz e o Bispo confirmou. O eremitério é lugar de oração, silêncio e estudo. Estudamos os padres da Igreja. Estudamos a vida dos santos, a espiritualidade carmelita-franciscana, dominicana, beneditina, todos os carismas que na Igreja Católica deu muitos santos desde sua fundação, na vida apostólica, com os Apóstolos. A mim, gosto mais da vida dos santos antigos, pois os santos antigos fizeram a construção da Igreja. Os santos antigos que deram fundamento sólido de vida de santidade. Os eremitas, os monges, e todos estes que seguiram a Cristo, que chegaram até dar a vida pelo martírio, gastando toda sua energia e força para Jesus, ao seu Reino e pela salvação das almas. Já observar a regra de São Francisco é viver uma vida de santidade. Nesta forma de pobreza, nesta forma de oração.

30 de maio de 2010, bênção do Eremitério Cristo Rei com Missa Solene na capela Cristo Rei com o Bispo de Uruaçu, Dom Messias Silveira.

Vivemos aqui rezando e trabalhando. Quando dá o tempo para necessidades, quando precisamos de comida ou outra coisa, quando alguém me convida para alguma paróquia para falar com a gente, quando tenho que viajar para fazer algo. Saímos e fazemos o que a Divina Providência nos pede e nos convida a sair, mas quando terminamos o nosso assunto para o qual saímos, voltamos e voltamos para a nossa vida, trabalhando em silêncio, respeitando os horários etc., etc.

São Francisco passava vários meses retirando-se em um eremitério, fazendo grande penitência, silêncio, austeridade, e depois saia andando pelos lugares pregando a Boa Nova a toda gente que ele encontrava. Muitas vezes ele pregava nas praças, nas ruas e nos povoados. Muitas vezes também andava para cumprir seus desejos de peregrinação, visitando por exemplo o Santuário de São Miguel Arcanjo no monte Gargano, ou Roma, na Igreja de São Pedro e dos Santos Apóstolos. Também foi pela Terra Santa visitando os lugares sagrados. Algumas vezes, quando Deus me dá esta oportunidade, vamos andando visitando algum santuário para ficar ali, ver, rezar, encontrar as pessoas e falar com elas sobre a nossa vida, sobre a salvação da alma, para fugirem do pecado, do Inferno e buscar com toda a fortaleza que a pessoa tem, a Graça de Deus, com a ajuda do Espírito Santo, para entrar no Céu.


O senhor poderia nos dar alguma admoestação espiritual?

Como ensinamento espiritual, temos que acreditar em Deus, fugir do pecado, amar a virtude, desejar o Céu, desejar sair do fogo do Inferno, desejar amar a Nossa Senhora, o Imaculado Coração de Maria, dar o nosso coração a ela, assim ela cuidará de nossa vida. Desejar a nossa vida junto a Nosso Senhor Jesus Cristo, desejar o nosso caminho junto a Ele. Desejar consagrar-nos ao Sagrado Coração de Jesus e vivermos debaixo de Sua vontade e do seu amor. A mensagem que eu quero dar aos jovens é de amar grandemente a Nosso Senhor, pois este é o Coração que muito amou aos homens, e que recebe espinhos e insultos. Primeiramente recebe espinhos de nós que somos ingratos com o irmão, e que ofendendo a nosso Deus amado, colocamo-lhe pregos na mãos, nos pés e no coração. Devemos amar e retirar os espinhos que causamos a Nosso Senhor no passado e vamos prometer viver estes últimos tempos que Jesus nos deu, e viver para Ele na obediência, na castidade e os Dez Mandamentos por seu amor, e isso na Fé Católica Apostólica que os Apóstolos e os Padres da Igreja nos transmitiram. Queremos viver viver até derramar o nosso sangue, queremos viver para Jesus, a nossa vida dever ser consagrada a Jesus e para Nossa Senhora. 

O Imaculado Coração de Maria vai nos sustentar, nos vestir e todas as outras coisas. Queremos que Ela sempre cuide de nós, que nos dê a sua graça, a sua bênção e o seu amor e que nos mantenha na perseverança final. Jovem, porque gastar o vosso tempo ali na bagunça, na bebida, com mulheres, sexo, drogas? É perda de tempo. E não é só perda de tempo, é perder o vosso corpo e perder a vossa alma. Aqui há um lugar onde se pode viver para Deus, aqui há um lugar onde se pode rezar muito, rezar, ler, ficar com Deus, trabalhar para Ele, evangelizar o mundo, salvar as almas. Aqui é um lugar onde você pode se fazer santo, entrar para o Céu. Não vá perder esta oportunidade que Nosso Senhor pode lhe dar. Não vá perder (esta chance) se você se sente chamando a uma vida de penitência, de austeridade, de pobreza com viveram os santos dos tempos atrás. Obrigado Senhor, obrigado por teu amor. Obrigado por estar aqui te servindo. Obrigado Senhor por ter me chamado para esta vida. Eu, que não era ninguém, era péssimo, agora sou teu amigo, e se o Senhor quiser que eu fique nesta amizade, irei morrer nesta amizade junto a Ti e ao Imaculado Coração de Maria. Jovem, não perca tempo, reze forte: "Senhor, o que queres que eu faça?". Queres que eu vá à Índia? No Brasil? Na Europa, para falar de Você para salvar as almas, para reza? "Manda-me, Senhor, aqui estou, faça-se em mim a sua santa vontade", como Samuel, como o Profeta Elias, Jeremias, como os Apóstolos São Pedro, São João, São Paulo. 

Sagrado Coração de Jesus, venha a nós o Vosso Reino, Reino de justiça e de Paz. Coração Imaculado de Maria, minha doçura e alegria. Amém. Viva Jesus, Viva Cristo Rei! Viva Jesus e o seu Sagrado Coração. Amém.


Caríssimo Frei Carmelo, nós agradecemos bastante por ter colaborado com o nosso apostolado franciscano. Reze por nós, nossos leitores e pelo nosso Apostolado, e sem dúvidas, os nossos leitores irão rezar pelo senhor!


Frei Carmelo em oração na Capela Cristo Rei.


Os interessados em conhecer o Eremitério Cristo Rei, ou até mesmo efetuar uma experiência vocacional com Frei Carmelo de Jesus e de Maria, favor contatar-nos pelo e-mail: contato.espiritofranciscano@gmail.com



Mais algumas imagens cortesias de Frei Carmelo:




























1 comentários:

Unknown disse...

Conheci o Irmão Carmelo em Anápolis/Go, em 2007 aproximadamente, tudo que consta na entrevista é a realidade da vida do Irmão Carmelo Imprescia. O conheci, convivi quando estava em Anápolis, pude ajudá-lo e conhecê-lo, muitos ensinamentos e testemunhos.
Ontem, 14-março-2022, o Irmão Carmelo Imprescia faleceu, lutava contra uma doença maligna no pâncreas, fez cirurgia mas não resistiu.
Será sepultado hoje 15/março, em Niquelândia/Go, e se Deus quiser daqui a 3 anos, seu corpo será transladado para o Eremitério Cristo Rei, atendendo sua vontade.
Grande amigo, que Deus lhe dê a recompensa prometida, por intercessão de Nossa Senhora.
Forte abraço!
Wilmar Soares Guimarães

 

São Francisco de Assis

São Francisco de Assis
Seráfico Patriarca, pai da Ordem dos Frades Menores

Apostolado Espírito Franciscano

Apostolado Espírito Franciscano
Nosso lema: "Servir aos Pobres de Cristo"

São Conrado de Placência

São Conrado de Placência
Patrono do Apostolado, exemplo de Terciário Franciscano