É de comum conhecimento que o Seráfico Pai São Francisco fundou três grandes ordens: a Ordem dos Menores, a das Damas Pobres e a Secular, chamadas no popular de Franciscanos, Clarissas e Terciários, respectivamente. Com a dessacralização do clero e da família, muito se perdeu da essência original destas três ordens. Hoje trataremos especialmente desta última, a Ordem Franciscana Secular ou dos Terciários.
A Ordem Secular franciscana foi motivo de santificação de milhares de famílias ao longo dos séculos. O primeiro biógrafo de São Francisco de Assis, o Beato Tomás de Celano narra diversas vezes sobre os leigos que se sentiam inflamados por amor a Deus ao ver o testemunho de São Francisco, mas muitas vezes os seus estados de vida os impediam de fazer uma entrega completa e total a Cristo do modo que os religiosos da primeira e segunda ordem o faziam. Mas com o ideal de santidade proposto pelo Seráfico Pai, muitos leigos ao ingressarem na Ordem Secular passaram a utilizar o hábito de penitência assim como os frades, e muitos casais em mútuo acordo optaram por não mais se unirem em relações íntimas, sob a guia de São Francisco, para assim melhor se entregarem a Cristo.
A Ordem Secular passou por diversas reformas ao longo dos séculos, sofrendo algumas alterações em suas constituições e sendo adaptada de acordo com os tempos e necessidades dos povos. Três reformas na regra secular foram as mais significativas: a primeira pelo Papa Nicolau IV em 1289, a segunda pelo Papa Leão XIII em 1883 e a última pelo Papa Paulo VI em 1978. Cada uma destas regras possui em si uma verdadeira imagem do que a Igreja desejara para os terciários em cada um dos tempos nos quais as mesmas foram reformadas, e este artigo mostrará como é possível viver a regra Secular em apenas 12 pontos nos dias de hoje, pessoalmente ou no seio familiar.
Como nosso apostolado não possui vínculo com nenhuma das ordens franciscanas tradicionais ou alguma reforma mais atual, este artigo servirá unicamente para os homens e mulheres de bem, pais e mães de família, filhos e filhas que vivem ou que desejam viver uma vida de piedade e amor a Cristo em seu lar, sem vínculo com alguma ordem, mas que vêem em São Francisco um modelo perfeito de amor a Cristo e à Santa Igreja e que aceitam os conselhos e propostas de vida ditados pelo Seráfico Patriarca como um seguro meio de santificar-se no mundo e na sociedade degradada dos tempos atuais.
Apesar da regra mais atual ser a reformada pelo Papa Paulo VI em 1978, utilizamos a Regra de Leão XIII unicamente por sua simplicidade e por ser mais curta e a mais "direta" entre as três aprovadas pela Santa Igreja.
A regra não será publicada em sua íntegra. Os terciários inscritos na Ordem não pecam se não cumprirem os diversos pontos da regra, contanto que não sejam para eles real motivo de pecado ou inflijam alguma Lei de Deus ou da Igreja. Como estamos apresentando esta regra para uso pessoal de santificação, é possível que a pessoa opte por seguir apenas alguns pontos da regra (como estamos apresentando-a abaixo de modo adaptado e resumido em apenas 12 pontos) ou se graça de Deus o iluminar, poderá vivê-la em sua totalidade (com autorização do seu confessor ou do diretor espiritual de modo privado, já que se optarem por se inscrever na Ordem Secular de modo formal, a regra que irá viver será a de Paulo VI).
Lembrando que esta é uma proposta pessoal de consagração da vida, do trabalho e da família no mundo moderno de acordo com a Regra Franciscana Secular reformada pelo Papa Leão XIII em 1883. A proposta é simples e acessível a todos os estados de vida, e é isto que faz a possibilidade de santificar-nos estar mais perto que nunca, tendo a vida de São Francisco de Assis como exemplo e sua poderosa intercessão junto ao Bom Deus e sua Santíssima Mãe ajudando-nos com as graças celestes para que sejamos, em seu coração, filhos e filhas da Santíssima Pobreza, segundo a Regra de vida secular autorizada pelo Papa Leão XIII.
A SANTIFICAÇÃO PESSOAL OU DA FAMÍLIA DE ACORDO COM A REGRA FRANCISCANA SECULAR DO PAPA LEÃO XIII EM 12 PONTOS
Misericors Dei Filius (Roma, 30 de maio de 1883)
1 - Para se seguir a São Francisco de Assis, o fiel deverá possuir bons costumes, ser amante da concórdia e, especialmente, de provada fé católica e provado respeito à Igreja romana e à Sé Apostólica.
2 - Os que optam firmemente em seguir a São Francisco, deverá guardar os mandamentos de Deus, obedecer à Igreja, e buscar reparação por quaisquer transgressões que cometerem contra si, contra Deus, contra sua família e contra a Igreja. Entre si e com os estranhos, manter benévola caridade e, na medida de suas forças, fazer por acabar as discórdias e divisões.
3 - Os que desejam seguir a São Francisco de Assis, amante admirável da Santa Pobreza, devem evitar em todas as coisas o luxo e a refinada elegância, atendendo-se ao justo meio que convenha ao estado de cada um.
4 - Com grande cautela deverá abster a si mesmo e sua família de danças e espetáculos licenciosos, assim como de comezainas. Deverá também ser sóbrio nas comidas e bebidas e não se sentar à mesa nem dela se levantem sem antes rezar: Benedic, Domine, nos et haec tua dona quae de tua largitate sumus sumpturi. Per Christum Dominum nostrum (Abençoai, Senhor, a nós e a estes dons que iremos receber de Tua bondade. Por Cristo Nosso Senhor, amém).
5 - Jejuar nos dias anteriores às festas solenes da Virgem Imaculada e dos patriarca São Francisco e, serão muito louváveis, se jejuarem nas sextas feiras e guardarem abstinência nas quartas, conforme o antigo costume dos Terceiros.
6 - Confessar-se ao menos uma vez por mês e os que puderem, ouvir a Missa todos os dias e comungar com regularidade (diariamente, se possível). O fiel também, como ensinou São Francisco, deverá rezar do seguinte modo: Pater Noster... et ADORAMUS te, sanctissime Domine Iesu Christe, hic et ad omnes Ecclesias tuas, quae sunt in toto mundo, et benedicimus tibi, quia per sanctam Crucem tuam redemisti mundum (Pai Nosso... e Nós vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, aqui e em todas as vossas igrejas que estão pelo mundo inteiro, e vos bendizemos, porque pela vossa santa cruz remiste o mundo).
7 -Os seculares que não rezam nem o oficio divino nem o oficio parvo de Nossa Senhora, digam todos os dias doze Pai Nossos, Ave Marias e Gloria ao Pai, exceto quando a saúde não lhe permitir.
8 - Aqueles que por direto devem fazer testamento, disponham em tempo dos seus bens.
9 - No seio da família primar pelo bom exemplo, promovendo a piedade e boas obras. Não permitir entrar na sua casa livros e jornais que levem perigo à virtude, televisão e seus programas demoníacos e proibir as leituras perigosas as pessoas que estão debaixo de seu poder.
10 - Não jurar fora dos casos de necessidade. Evitar palavras indecorosas e gracejos levianos. Fazer à noite exame de consciência para conhecer as suas faltas e, conhecidas estas, arrepender-se e emendar-se.
11 - Segundo as suas posses contribuir com o que puderem para socorrer os irmãos necessitados, particularmente aos enfermos, ou prover ao decoro do culto divino e as necessidades de sua igreja.
12 - Conhecendo algum enfermo, e sendo perigosa a doença, avisar e persuadir o enfermo a receber em tempo os santos sacramentos. E quando algum parente ou conhecido morrer, rezar o terço ou rosário em sufrágio do finado. Solicitar, se possível, a um sacerdote, que celebre a Santa Missa pela alma do falecido e rogar a Deus de boa vontade e piedosamente por sua alma.
Se alguém faltar a alguma destas regras, saiba que não peca por isso, a não ser que a falta recaia sobre um ponto dos mandamentos de Deus ou da Santa Madre Igreja.
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Pax et bonum!
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