Disse São Francisco a Frei Masseo: “Companheiro caríssimo, vamos a São Pedro e à São Paulo e roguemos-lhes que nos ensinem e nos ajudem a possuir o desmesurado tesouro da santíssima pobreza, porque ela é tesouro tão digníssimo e tão divino que não somos dignos de possuí-lo em nossos vis vasos. Atendendo que ela é a virtude celeste pela qual todas as coisas terrenas e transitórias são calcadas aos pés e pela qual todo obstáculo se afasta diante da alma, a fim de que por meio dela possamos livremente unir-nos com o Deus eterno e que faz a alma presa à terra conversar no céu com os anjos. Esta é aquela que acompanhou Cristo na cruz; com Cristo foi sepultada, com Cristo ressuscitou, com Cristo subiu ao céu, e a qual, e ainda nesta vida, concede às almas, que dela se enamoram, agilidade para voar ao céu. Ela ainda guarda as armas da verdadeira humildade e da caridade. E por isso roguemos aos santíssimos apóstolos de Cristo, os quais foram perfeitos amadores desta pérola evangélica, que nos mendiguem esta graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, que pela sua santíssima misericórdia nos conceda o merecimento de sermos verdadeiros amantes, observadores e humildes discípulos da preciosíssima, amantíssima e evangélica pobreza”.
E com este falar chegaram a Roma e entraram na Basílica de São Pedro e São Francisco se pôs a orar em um canto desta igreja, e Frei Masseo em outro; e conservando-se muito tempo em oração com muitas lágrimas e devoção, apareceram a São Francisco os santíssimos apóstolos Pedro e Paulo com grande esplendor e lhe disseram: “Pois que pedes e desejas observar aquilo que Cristo e os santos apóstolos observaram, Nosso Senhor Jesus Cristo nos envia a ti para anunciar-te que tua oração foi escutada e te foi concedido por Deus, a ti e a teus seguidores, perfeitissimamente o tesouro da santíssima pobreza. E ainda de sua parte te dizemos que a todo aquele que a teu exemplo seguir perfeitamente este desejo está assegurada a beatitude da vida eterna, e tu e todos os teus discípulos sereis por Deus abençoados”.
E, ditas estas palavras, desapareceram, deixando S. Francisco cheio de consolação. O qual se levantou da oração e voltou ao companheiro e perguntou-lhe se Deus lhe havia revelado alguma coisa; e ele respondeu que não. Então São Francisco lhe disse como os santos apóstolos lhe haviam aparecido, e o que tinham revelado. Do que, cada um cheio de alegria, determinaram volver ao vale de Espoleto, deixando de ir à França.
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