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O encontro de São Francisco de Assis com o Papa Inocêncio III e a confirmação da Regra

(CAPÍTULO 13 do livro da Primeira Vida de São Francisco, do frade Tomás de Celano) - [São Francisco] escreve a Regra quando tem apenas onze irmãos. O Papa Inocêncio a confirma. Visão da árvore. 

Vendo o bem-aventurado Francisco que o Senhor aumentava cada dia o seu número, escreveu para si e para seus irmãos, presentes e futuros, com simplicidade e com poucas palavras, uma forma e Regra de vida, sendo principalmente expressões do santo Evangelho, pois vive-lo perfeitamente era seu único desejo.
Acrescentou contudo algumas poucas coisas, absolutamente necessárias para o andamento da vida religiosa. Depois, foi a Roma com todos os referidos irmãos, desejando ardentemente que o Papa Inocêncio III confirmasse o que tinha escrito. Achava-se naquela ocasião em Roma o venerando bispo de Assis, Guido, que estimava muito São Francisco e todos os seus irmãos, e os venerava com particular afeto. Vendo ali São Francisco e seus irmãos, e desconhecendo o motivo, não gostou. Temia que quisessem abandonar sua terra, onde o Senhor já começara a fazer coisas extraordinárias por meio de seus servidores. Gostava muito de ter esses homens de valor em sua diocese e esperava muito de sua vida e de seus bons costumes. Mas quando soube a causa e compreendeu os seus propósitos, alegrou-se muito no Senhor e lhes prometeu seu apoio e influência. São Francisco também se apresentou ao senhor bispo de Sabina, João de São Paulo, que se destacava entre os outros príncipes e dignitários da Cúria Romana por "desprezar as coisas terrenas e aspirar às celestiais" Este o recebeu com "bondade e caridade" e elogiou bastante sua resolução e seus projetos. 

Entretanto, prudente e discreto, interrogou-o sobre muitos pontos e tentou persuadi-lo a passar para a vida monástica ou eremítica. Mas São Francisco recusou com humildade e quanto lhe foi possível esse conselho, sem desprezar os argumentos, mas por estar piedosamente convencido de que era conduzido por um desejo mais elevado. Admirava-se o prelado com seu fervor, e temendo que fraquejasse em tão altos propósitos, mostrava-lhe caminhos mais fáceis. Afinal, vencido por sua constância, anuiu a seus rogos e procurou apoiar sua causa diante do Papa. Regia a Igreja de Deus naquele tempo o Papa Inocêncio III, homem ilustre, muito rico em doutrina, celebérrimo orador e muito zeloso da justiça em tudo que se referia ao culto da fé cristã. Informado do desejo daqueles homens de Deus, depois de refletir, aceitou o pedido e deu-lhe despacho. Tendo-lhes feito muitas exortações e admoestações, abençoou São Francisco e seus irmãos e lhes disse: "Ide com Deus, irmãos, e conforme o Senhor se dignar inspirar-vos, pregai a todos a penitência. Quando o Senhor vos tiver enriquecido em número e graça, vinde referir-me tudo com alegria, e eu vos concederei mais coisas do que agora e, com maior segurança, vos confiarei encargos maiores". Na verdade, o Senhor estava com São Francisco, onde quer que ele fosse, alegrando-o com revelações e animando-o com benefícios. 

Certa noite, viu-se em sonhos andando por um caminho, ao lado do qual havia uma árvore de grande porte. A árvore era bela e forte, grossa e muito alta. E aconteceu que, estando a admirar sua beleza e altura, o próprio santo tornou-se de repente tão alto que tocava o cimo da árvore e com suas mãos conseguia vergá-la facilmente até o chão. De fato, foi o que aconteceu quando Inocêncio III, a árvore mais alta e mais respeitável do mundo, se inclinou com tanta benignidade ao pedido e à vontade de Francisco. 



Curiosidade: O papa Inocêncio III no Purgatório.

Santa Lutgarda relatou que teve uma visão, na qual, viu Inocêncio III no purgatório no mesmo dia que ele morreu. Apareceu-lhe no seu convento, em Aywieres, em Brabante, envolvido em chamas e declarava para ela: "Eu sou o Papa Inocêncio". Continuou explicando que estava no purgatório por três falhas. Solicitou a Lutgarda viesse em seu auxílio através de orações, dizendo: "Ai de mim! É terrível, e vai durar por séculos, se você não vier em meu auxílio. Em nome de Maria, que obteve para mim, o favor de apelar para você, ajude-me!". Naquele momento, ele desapareceu e Santa Lutgarda informou suas irmãs do que ela tinha visto. (Schouppe, Fr. F.X., Purgatory. TAN, 2005)


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Pax et bonum

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